03/05/2014 – Treino para os 400? Pode ser que sim ou não!
Agora a parada é em Holambra, praticamente no quintal de
casa, somente não afirmo que é, pois iremos girar bem longe daqui!
Na sexta-feira (02/04), entrando no clima de mais um Audax,
fui até o centro da cidade para encontrar alguns amigos do pedal e por lá tinham vários. Pedaleiros na organização e pedaleiros chegando para o Brevet.
Após encontrar os parceiros Rafael e Gleison, fui buscar a
família e jantamos juntos. Tratamos de conversar alguns pontos importantes da
etapa e logo em seguida, acabar de arrumar as tralhas e tentar dormir, pois no
dia seguinte estaríamos de pé antes de o sol raiar.
Como a etapa deste Brevet 300 foi em Holambra, pude me
organizar e sai de casa com tudo resolvido e as 03:45 já estava de pé e a
minha esposa já preparando o café para me ajudar.
Pelo horário, o clima ainda estava bem gelado! Com uma manta
enrolada, recebo um beijo de boa sorte da Ana Paula, tinha certeza de que esse
dia seria especial e já sai determinado a concluir de qualquer forma, “haja o
que hajar” vou terminar dentro do tempo limite (20 horas)! Para quem nunca fez
um Brevet, sempre fica com aquela cara de que 300 km em 20 horas é mamão com
açúcar.... vai lá encarar!
Acho que a determinação e o foco foram tanto que fui o
centavos 0,02 a fazer a inscrição e o primeiro a chegar na vistoria. Vistoria
feita, passaporte na mão e fui para o meu cantinho de sempre quando tem etapa
em Holambra.
Por lá fiquei sentado e me concentrando, às vezes me
levantava para cumprimentar algum pedaleiro amigo e voltava para o meu canto.
Fiquei por um tempo cuidando das magrelas do Gleison e do
Rafael e quando eles chegaram do café e o briefing começou, percebi que a
muvuca seria grande na largada e me posicionei lá na frente, depois do Rogério
Polo.
PC 00 x PA 01 x PC 01
As 07:04 da manhã foi autorizada a largada. Para fugir um
pouco da bagunça e poder pegar o acostamento da pista com menos ciclistas, nos
primeiros 10 km resolvi apertar um pouco o ritmo e assim girar mais seguro.
Lógico e evidente que muitos outros ciclistas melhores
preparados que eu OU porque iriam fazer o Desafio 100, estavam passando numa
velocidade maior. Porém estava concentrado e mantendo o “meu” ritmo sob
controle. São lições que aprendemos quando estamos no décimo brevet.
Percebi que num trecho, ainda antes de Artur Nogueira,
passei por um grupo que ao me ver passar, entraram no vácuo. Dei uma olhada pra
trás e pensei, pronto, não estou mais sozinho!
Um deles era o Fernando Fazzane, muito gente boa e o único
representante de Boituva/SP, com ele fomos puxando um pequeno pelotão, porém os
caras eram uns “chupa roda”. Gostam
de pegar vácuo, porém não colaboravam puxando.
Estávamos todos juntos quando na altura do km 35 escuto um
estouro, a princípio pensei ser um pneu furado, analisei e nada, seguimos
pedalando. Não muito tempo depois passei a ouvir um barulho na Veruska, foi
onde informei os pedaleiros que iria parar (ninguém parou)!
Assim que parei, problema identificado. Era um raio
dianteiro estourado! Sem perder mais do que um minuto, tratei de prendê-lo
entre os outros raios e segui viagem. Voltei a pedalar sozinho.
Primeira surpresa boa, na verdade muito boa. Antes de chegar
a Limeira, um carro chegando próximo a mim começa a buzinar como louco, quando
emparelha comigo, era o meu amigo Benny passando bons fluídos e energias
positivas. O cara é parceiro!!!!
Segunda surpresa, quase no trevo de Limeira, no sentido
contrário e não era participante da prova, passa um ciclista e grita “VAI
JOTA”.... retribui a saudação com um grito “aaaaoooooo”, gostei muito, mesmo
não identificando quem foi. Caso você esteja lendo, me fale quem foi?
rsrsrsrs No meu achódromo acredito ter
sido o Cleber, mas não posso afirmar.
Por estratégia minha e principalmente com a condição do
tempo colaborando, optei por não parar no PA01, visto que não era obrigatório
para os participantes do Brevet 300. Prossegui e fui passando por Limeira,
Leme, Pirassununga e logo depois viria Porto Ferreira.
Faltando uns 15 km para chegar em Porto Ferreira a terceira
surpresa. Um cabra sangue bom encosta ao meu lado e diz, “faaaaala Jota”, eis
que surge na história o mister Kadu de Campinas. Pedalamos juntos até o km 124 que também
era conhecido como PC01. Nele, chegamos as 11:35.
Nesse momento, cheguei perguntando se por acaso não existira
uma roda dianteira sobrando, pois a minha já estava um “8”.
PC 01 x PC 02
Fizemos uma parada de aproximadamente 25 minutos no PC 01 e
foi o suficiente para chegar o Sandro e o Auro.
Tudo resolvido (menos minha roda) e acertado, fomos seguir
viagem e o Auro e Sandro vieram juntos.
Neste exato momento surge o quinto elemento do grupo, o
Mister Elber da cidade de Salto/SP. Nunca nos vimos e já se tornou mais um
amigo ganho em brevet’s. Ele perguntou se poderíamos ir juntos.
Esse trecho eram 50 km de pedal, porém o mais exigente na
questão altimétrica. Não que seja uma serra longa e com aclives de 20%, mas
pra quem já estava com 125km pedalados e ainda faltariam 175, a concentração e
o foco tinham que falar mais alto para não quebrar no caminho.
No começo deste trecho o Elber e o Kadu, deram uma chinelada
e sumiram na frente. Eu permaneci na minha tocada, já conhecia o que tinha pela
frente e queria fazer uma prova tranquila.
Minha roda passou a dar trabalho e mesmo com a ferradura
100% solta, o aro ainda assim pegava na pastilha (dos dois lados) e eu literalmente virei um
“roda presa”. Com este desempenho, logo o Sandro e Auro me alcançaram e fomos
juntos.
O trecho não estava fácil, além dos pontos já citados acima,
também passou a fazer parte do cenário um bendito vento contra.
Alguns quilômetros pedalados e vimos um pedaleiro sentado no
acostamento, era o mister Elber. Não paramos, mas ele levantou e nos alcançou.
Passamos a pedalar juntos novamente e agora em quatro pedalantes.
Na metade dessa perna, propus uma parada rápida, coisa de
cinco minutos. Todos aceitaram, desaguaram na moita e seguimos nosso caminho.
Restando umas três subidas para chegarmos à cidade de Casa Branca, conhecido
popularmente de PC02, encontramos o mister Kadu também parado no
acostamento e quando passamos ele embarcou na turma.
Restando duas subidas Elber ficou pra trás, com dores na
lombar e o Kadu ficou com ele. Chegamos ao PC 02 as 14:46.
Assim que cheguei, o sempre solícito Rogério Polo, veio ao meu
encontro e perguntou “o que aconteceu com a sua roda?”, em minutos ele,
experiente como é, alinhou a roda mesmo com o raio quebrado. Assim poderia
seguir meu caminho. E mesmo se a roda não se ajeitasse e eu não tivesse saída,
iria terminar com o que tinha!
Nesse momento, me veio a possibilidade do mister Hermes me
salvar. Liguei pra ele e combinamos de nos encontrar no PA 02, próximo de
Aguaí. Lá ele estava com uma roda inteira e com o pneu já calibrado.
Almoçamos, conversamos e arrumamos as tralhas para seguir
nosso objetivo. (e o Hermes sempre junto)
Daí em diante, fomos sempre os cinco... as vezes 6 ou 7, mas
no final os cinco!
PC 02 x PA 02
Partimos do PC02 o dia bem claro e sem a necessidade de iluminação
artificial. O trecho até o PA02 foi num ritmo bom, com revezamento e mantivemos
uma boa média de pedal.
Neste trecho tivemos um e único pneu furado no grupo, foi do
Kadu. Pneu que já havia dado problema pra ele lá atrás e já estava com um manchão.
Sorte que o Auro levara um reserva e o emprestou.
Ficamos um bom tempo parado ali para a troca e quando
retomamos o pedal, logo chegamos no Ponto de Abastecimento e lá encontrei o
Hermes, a Lú e o Matheus (esposa e filho do Hermes).
Como ficamos um bom tempo parado na troca do pneu, no PA
somente reabastecemos, troquei a roda dianteira, trocamos as lentes dos óculos
e “pau”... seguimos viagem. Isso tudo não deu mais do que 8 minutos.
Fomos tão rápidos que saímos e esquecemos o mister Kadu por lá. Ele havia entrando no Frango "Assalto" e não tínhamos visto. Porém em poucos quilômetros na frente, ele já nos alcançara!
PA 02 x PC 03
Pedalamos alguns km’s e logo a noite começou a chegar e
acendemos os faróis. O trecho também foi tranquilo, gostei muito do meu
rendimento. Senti que estava sobrando e se fosse preciso eu conseguiria
aumentar o ritmo sem sacrifícios. Porém, pedal noturno é outra coisa. Não custa
nada tirar o pé um pouco e seguirmos em turma, sem abandonar ninguém no
caminho.
Um pouco antes de Mogi Mirim, percebi que o ritmo do nosso
grupo estava diferente, alguns não estavam tão bem a ponto de acompanhar os da
frente e resolvemos fazer uma parada fora de hora assim que saímos da Rodovia
Ademar de Barros.
E a tal parada foi providencial, pois o recém amigo Elber
estava “aparentemente” com queda de pressão e sentou-se no chão para saborear
uma pedra de sal.
Deste ponto até o PC03 restavam apenas 14 quilômetros e sem
nenhum risco de alguém se perder. Nesse momento, já escuro e ficar parado
congelava, decidi apertar um pouco o passo e junto comigo vieram o Kadu e o
Auro.
Chegamos no Ponto de Controle as 19h36 e logo alguns minutos
chegaram o Elber e o Sandro.
Eu sempre digo... chegou neste PC aberto são 99% de fechar a
etapa com sucesso! Nesse ponto, geralmente de noite e com o frio que faz na
região, a ORG sempre disponibiliza um macarrão instantâneo pelando de quente.
Desta vez comi muito pouco, o bendito do estômago queria ficar zoado e nem água
estava descendo.
Pedi uns minutos aos companheiros, tentei tomar água
gaseificada e um refrigerante de limão, que não desceram nem ferrando.
Foi então que decidimos partir!
PC 03 x PC 04 (final)
Neste trecho o Sandro falou “agora o Jota não vai mais na
frente, vamos no meu ritmo”!!! hahahahahahahhaa
Pra mim estava bom, parei de pegar vento no peito e fui
acompanhando os Brothers. Confesso que em alguns trechos estava louco pra
acelerar um pouco. rsrsrsrsrs
Fomos tranquilos e um pouco antes de entrar em Artur
Nogueira, assumi a dianteira para guiarmos no caminho certo e logo que pegamos
a estrada pra Holambra voltei pra rabeira.
Esse foi o momento de falar “Agora é só levar o carro pra
garagem”!!
Chegamos a Holambra, na pousada Oca, as 22h04 totalizando 14
horas e 59 minutos de prova, sendo que o limite são de 20 horas.
Ficamos felizes com o tempo que fizemos e eu principalmente
pela resposta que os treinos me proporcionaram. Levando em consideração os
130km com a roda presa e no finalzinho o estômago “querendo” dar trabalho,
gostei muito do meu estado físico ao término da etapa.
E não poderia deixar de falar do “AAAAAEEEEEEEEEEEEEEEEE”
que a Silvia solta todas as vezes que chega algum pedaleiro concluindo a etapa.
Depois dos registros fotográficos feitos, da tradicional
mordida na medalha e da lembrança ao amigo e parceiro Hermes...
...fomos tratar de
tomar “uma” e comer alguma coisa. Acompanhei os amigos, mas não descia nada!!!
O tempo passou e o frio pegou de jeito, nos despedimos e fui
pra casa batendo o queixo de frio... por lá, foi tomar um mega banho quente e
cama!
Mister Elber |
Mister Sandro |
Mister Auro |
Mister Kadu |
Se pretenderes fazer algo na vida e acha que não é capaz,
tente! Mas tente de todas as formas, seja determinado! Temos mais força do que
imaginamos e todos nós somos capazes!
No entanto, não esqueça que o sabor de chegar a algum lugar
é diferente se nós o compramos ou se nós o conquistamos, treine, dedique-se e seja determinado!!
Distância: 300 km
Pneu furado: 00
Velocidade Máxima: 70,8 km/h
Média de velocidade em Movimento: 24,5 km/h
Média de velocidade Geral: 19,7 km/h
Ganho de Elevação: 3.187 metros
Velocidade Máxima: 70,8 km/h
Média de velocidade em Movimento: 24,5 km/h
Média de velocidade Geral: 19,7 km/h
Ganho de Elevação: 3.187 metros
Problemas: 01 raio estourado
Equipamento: Veruska (Soul Ventana Pro)