07/12/2013 – Brevet “extreme”, vamos lá!!!
Neste último sábado rolou o segundo Brevet válido pelo
calendário 2014 do Audax São Paulo e desta vez o bicho foi bruto!
Brevet 200 Campos do Jordão, será que iria ter subida?
Comigo, embarcaram os pedaleiros Marcos Goes e Sebastião
Valton, ambos estreantes no Audax. Saímos de Campinas na véspera, final de
tarde e seguimos sentido a cidade de Taubaté. Viagem tranquila!
No hotel escolhido (escolha feita por custo) não tinha nada
de luxo, mas foi o suficiente para tomar banho, dormir e tomar café. Ao chegar,
arrumamos as tralhas e as bikes para o dia seguinte.
O DIA DO PEDAL:
Estávamos cerca de 20 km da concentração da etapa, que
largaria da cidade da Tremembé. Com isso acordamos as 04h30 para nos arrumar, arrumar
as bikes no carro e tomar café. Tudo sob controle e conforme planejado, saímos
do hotel as 05h30.
Na concentração, Posto Castelão, foi muito bom rever os
amigos pedaleiros e insanos. Fizemos a vistoria e agora é só aguardar o momento
de começar a pedalar e só parar quando a distância pedalada atingisse 205km.
PC 00 ao PC 01 – Largada tranquila e aquela vontade de
pedalar rápido já não ataca mais, passado alguns brevet’s o aprendizado ajuda,
e saber o que vem pela frente é muito importante para a conclusão da etapa e
poder morder a medalha!
No começo estávamos juntos (Eu, Tião, Goes, Richard e Daniel)
um pouco antes do início da Serra Nova de Campos o grupo naturalmente dispersou
e passei a acompanhar o “mano Tião”. Fizemos a prova praticamente juntos!
Na primeira grande subida com aproximadamente 9 km, subimos
e nela encontrei os parceiros Edy, Ronaldo, André e Paulinho. Assim que cheguei
à cidade de Sto. Ant. do Pinhal, parei para aguardar o Tião. Seguimos juntos
até Monteiro Lobato, onde precisamos parar para reabastecimento de água, pois o
PC 01 ficara a 90 km da largada. Como resolvi fazer sem mochila de hidratação,
precisava me policiar para não dar pane seca.
Seguindo em direção a São Francisco Xavier ainda tinha uma
subidinha bacana e foi aí que minha mão começou a reclamar, pelo fato de ter
ficado a semana anterior engessada, reclamou um pouco, mas vamos que vamos.
Antes de chegarmos no PC 01 pegamos uma senhora descida, muito,
mas muito da hora. Cheia de curvas e com um visual fantástico. Essa descida,
fizemos juntos com um pessoal (speed) próximo da cidade de Maringá/PR e ficamos
nessa de cada hora um passava o outro.
Na última subidinha, e como estava próximo do PC, decidi
espera-lo no Ponto de Controle. Por lá fui comprar uma Coca e quando voltei o
parceiro Tiones já estava por lá. Percebi que estava “meio” estranho, com
aquele jeito de quem estava prestes a abandonar... “Tiones, vamos que vamos,
estamos juntos nessa”... No momento em que descansávamos um pouco, ele pega o
celular e vê uma mensagem da Mônica, sua esposa e aí o cabra ficou envenenado e
seguimos viagem!! rsrsrs
PC 01 ao PA – Esse trecho tinha cerca de 57 km para
pedalarmos e vou te falar uma coisa, o Astro Rei resolveu dar o ar da sua graça
e o bicho pegou. Local com umidade elevada, subidas e a sensação térmica
beirando os 40º. Foi literalmente um inferno!
A única coisa que lembrávamos era da tal senhora descida, muito,
mas muito da hora. Cheia de curvas e com um visual fantástico... pois é, agora
seria o contrario, e ela se tornaria uma baita subida, cheia de curvas e com um
visual que não dava pra perceber...rsrsrsrs
Nossa sorte é que aproximadamente na metade dela existe uma
biquinha d’água onde nos refrescamos. Só não entramos de corpo inteiro, porque
não cabia na “bacia”!
Isso ajudou muito e deu um “up” para prosseguirmos. Foi nesse
trecho em que o amigo Richard Porcel, estreando sua speed, se juntou a nós em
uma das paradas e foi também onde conhecemos o Mister Zé Mário, na qual
pedalamos um bom trecho juntos.
A chegada até o PA não foi fácil, porém a “marvada” estava
por vir!!!
PA ao PC 02 – Neste ponto, paramos, tiramos a sapatilha e
refrescamos a cabeça, pois estava por vir a subida mais longa da prova. A Serra
Velha de Campos do Jordão com seus 13 km ininterruptos.
Depois de descansar por alguns minutos, tchau... tchau...
tchau....
Giramos por mais um quilômetro e começamos a última das
subidas nível “marvada”.
Existem subidas:
- Legais
- Bacana
- Boa
- das Boa
E as marvada
Na subida, como cada um foi no seu ritmo, fiz duas
paradinhas e na última o Tiones chegou. Eu já estava sentado e ele fez o mesmo.
Nos recompomos e continuámos a subir. Naquela altura calculamos que faltariam
uns 6 km de subida.
No decorrer da subida, me deparei com três homens
conversando e perguntei “Tarrrrde?” “Moço essa bexiga não acaba não?”
A resposta veio.... “hahahahahaha caba, farta só uns 02 quilômetros”
Fiquei feliz, mesmo eles tendo errado por dois... na verdade
restavam 4 quilômetros.
Subimos 13 para descer apenas 3 km. Logo entrei em Campos do
Jordão e fui direto para o PC 02. Por lá também esperei no máximo 10 minutos e
o parceiro chegou.
Nesse momento eram cerca de 17h30 e como estávamos com tempo
para fechar a prova decidimos fazer uma meia hora por ali. Pena que o Amigo
Pedrão queria cortar o nosso barato e o tempo começou a fechar e uns pingos
começaram a cair.
Descer a Serra nova de Campos com chuva ou estando molhado,
não estava nos planos e resolvemos “picar a mula”!
Neste PC tivemos a possibilidade de conhecer melhor o
pedaleiro Gustavo Pomari, na qual confesso que por não saber o nome dele, pra
mim era o “Mister Bob”. Por conta de seus cabelos estilo Bob Marley. Muito
gente boa!!!!
PC 02 ao PC FINAL – Com o tempo fechando (chuva), paramos com
o descanso e antecipamos a nossa saída. Chegamos em Capivari com tempo sobrando
e a certeza da conclusão do brevet!
Até então pedalei o tempo todo com o kit Toni Ramos a mostra
(camisa e colete abertos), porém como a descida da serra seria longa...
ziiiiipppp, fechei tudo, acendemos as luzes (ainda não estava escuro, foi por
precaução) e zarpamos.
Depois do contorno em Capivari e passando debaixo do
teleférico uma voz surge “Ai irmão, vou descer com vocês” – Era o Bob...
Gustavo. Tamo junto!!
A descida foi muito legal, uma sensação muito boa de missão concluída.
Mesmo faltando alguns quilômetros tínhamos tudo para fechar com sucesso. É
nessa hora que o Gustavo me cumprimenta dizendo, “fechamos, acabou” e eu digo
para o Tiones... “Tião, agora é só levar o carro pra garagem”!!!
Considerações:
No final, sempre tem aquela excelente sensação de vitória e
a esplendorosa recepção dos organizadores e dos amigos que já lá estavam e que
sempre recebem com palmas e barulho. #Isso é muito bom!!!
Mister Goes terminou sua prova com o excelente tempo, concluíra
as 17h30.
Eu e o parceiro Tiones finalizamos as 19h12.
Todo brevet pode ter quilometragens semelhantes, mas nunca
um será igual ao outro. Cada um terá sua dificuldade, cada um terá o seu
aprendizado, cada um com a sua superação e todos com a alegria de rever os
amigos, superar seus limites e chegar ao final.
Nem sempre isso será possível, afinal, somos humanos. A
máquina pode reclamar um dia e mandar avisos. No entanto, nunca desistimos,
apenas adiamos a conquista. Parabéns aos que brevetaram e mais parabéns para
quem, por algum motivo, não concluiu. Vocês são feras e saíram da zona de
conforto!!!
Obrigado Ana Paula (esposa) por me passar tranquilidade e
força para mais essa conquista e obrigado aos filhos por me permitirem esse
período ausente.
Nas minhas marcações ficaram registrados:
- 205 km pedalados
- 3.428 de acúmulo de subidas
- 12h15 de prova
- 20,6 km/h foi a média “pedalada”
- 78 km/h foi a velocidade máxima
- 1.648 foi o ponto mais elevado no pedal
- 41º graus foi a maior sensação térmica
- 129 batimentos por minuto foi a minha média cardíaca
- 00 pneu furado e/ou bike
quebrada